“Podemos dizer que é um profissional que vive em um processo dinâmico e interativo de reencantamentos, buscando em sua condição humana conhecer-se no cotidiano de sua prática pedagógica”. ( Caderno Didático pág. 367) Nesse processo, ele deve manter-se em constante autocrítica, reformulando o modelo escolar em teoria e na prática: questionar o sistema educativo, delinear-lhe alternativas; questionar a formação de educadores/educandos, explorar as potencialidades das correntes pedagógicas e tentar inovamentos práticos bem como experimentar metodologias e didáticas na aula e fora dela, aprofundar modelo pessoal de ser educador esquecer de interagir em múltiplos grupos de professores e alunos em que a informação-ação permanentemente circula e se reconverte, transformando gradualmente pessoas e o meio envolvente.
No entanto, seria interessante pensarmos
no
mundo actual de profundas e constantes mudanças que nos impõe ajustamentos
constantes em todos os domínios da vida. Assim a educação também tem tido
necessidade de adaptar-se à nova ordem social. Nesse contexto o perfil do novo
educador é de um promotor de vida, um profissional do encantamento que educa
para a paz e sustentabilidade. Ele trabalha com pessoas, por isso, a prática
educacional não se trata de um processo racional, fria, mas humana. Cada um de
nós é um ser único. Neste contexto
precisamos de estímulos diferentes. Assim como tudo na vida segue um processo,
uma trajetória, a nossa aprendizagem também atravessa um percurso que exige
tempo.
Considerando as exigências do século XXI e o facto de sermos seres
distintos, entendemos que se torna imprescindível a mudança de estratégia de
aprendizagem. A aprendizagem formativa ocorre nos desenhos, nas nossas produções
de entre outros. No entanto, a condição fundamental para que aconteça
aprendizagem é o respeito pela pessoa humana, porque trazemos experiências e
saberes. Como afirma Freire, aprendemos a partir do que sabemos.
Entretanto, o professor como gestor
deve programar ou planejar cada vez mais atendendo não só às carências e
expetativas da comunidade envolvente cujo levantamento é um projecto permanente
como também às instituições de interesse cultural dessa comunidade e respetiva
disponibilidade para entreajuda e lançamento de projectos comuns tais como:
ciclos de cinema, de teatro, concertos, jornadas ecológicas, etc.
No entanto, o professor para ser gestor autor e autônomo em
uma pedagogia social terá de
ser, ainda, polivalente em termos de competências, porque terá de dominar e
sintetizar cognitiva e ativamente todas as valências, e, simultaneamente, estar
à altura de poder acompanhá-las e oferecer as melhores garantias ao seu alcance
para que elas obtenham o máximo de qualidade e pertinência em cada situação e
para cada pessoa.
Todavia, é importante frisar que o
material, documentação, equipamento e instrumental não podem, nestas condições,
limitar-se ao que ocorre na sala de aula, muito embora se considere esta a
pedra angular onde tudo se dirige e donde tudo irradia. Isto é, a observação,
por exemplo, não pode ser apenas da aula, mas de muitos outros episódios tão ou
mais significativos que ela; o apoio, as sugestões, as estratégias, os
diagnósticos, os prognósticos têm de alargar-se muito para além da trilogia
programa-turma-aula, sem deixar de pôr aqui a espinha dorsal de cuja expansão
tudo o mais deriva, mas admitindo sempre a possibilidade de que tal eixo de
referência possa mesmo ser a qualquer momento substituído por outa eventual
componente mais significativa e eficaz em termos formativos educativos e, de
toda a maneira, não esquecendo que o trabalho na turma ocorre num contexto de
que todos participam e com que interagem e que é neste contexto que os sentidos
mais marcantes, as opções mais decisivas, os modelos de ser e relacionar-se se
organizam e é aqui que estruturam pessoas e orientam vidas.
Entretanto, diríamos que perfil do
professor em pedagogia social se alterou
mormente através do abandono da mera reprodução e obediência à hierarquia,
substituindo-a pelo empenhamento pessoal livre, criativo, aberto a todo os
inesperados em que ele se assume e envolve como pessoa inteira que conhece,
sente, atua e se relaciona e o faz por gosto com todo o gozo possível e desejável
através da exploração de todas as potencialidades formativas de todos os
recursos para quaisquer que sejam os problemas, as carências, os anseios dos
evolvidos na aventura educativa, superando o exclusivismo dos conteúdos
programáticos ligados apenas ao desenvolvimento de faculdades intelectuais, mas
agora tende-se à formação integrada e equilibrada da personalidade inteira
(intelectual, afectiva, ativa e relacional) e, por inerência, ao
desenvolvimento da comunidade e das pessoas dela membros.
Em suma, cada professor traz
consigo lembranças e experiências ao longo da sua existência. Daí a importância
da formação contínua do professor que lhe permita à aprendizagem ao longo da
vida. Esta deve servir para tornar o professor autor, isto é, com capacidade de
tomar decisões e não esperar que outros decidem por nós. O docente também deve
ser autónomo numa pedagogia social o que exige sensibilidade para questões de
desenvolvimento humano e não ser apenas o docente que copia métodos e
estratégias pré concebidos e utiliza material didáctico pré-definido. É preciso
que os docentes da EJA no século XXI sejam construtores e reconstrutores do
conhecimento. A EJA que pretendemos para os países africanos, é uma educação
que deixa de lado a cultura da reprovação e que cative e encante o aprendente
de forma que este aprenda ao longo da vida.
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