1ª Entrevista
Fortunato Sanches, 24 anos, originário
de uma família de oito elementos e estudante na escola Claridade. Das
lembranças que teve no Ensino (Primário) fundamental e do Ensino Secundário
(Médio) não são as melhores. Queixa-se de ser descriminado pelos professores e
da diretora. Revoltado, tornou-se um rebelde. Isso marcou-o de tal forma que o
fez abandonar os estudos. Com o aparecimento de vários concursos para cursos
profissionalizantes e não só, ele ficava pelo caminho por causa da escolaridade
baixa. Decidiu retornar aos estudos, desta vez com mais responsabilidade porque
“todo o aprendente paga pelos seus estudos”. Nesse meio tempo, ia a uma
formação de canalizador e à noite as aulas. As suas expetativas são de terminar
o ensino secundário (médio), ingressar numa universidade – seu grande sonho – porque
“sem escola uma pessoa, na sociedade atual, está praticamente à margem”. Como
tem apenas o 10º ano (2º ano de ensino médio) a usa formação não lhe permite
ainda ingressar no mercado de trabalho.
O nosso entrevistado
considera que uma pessoa, através da escola pode singrar-se numa sociedade que
vê como seletiva na questão dos conhecimentos escolares e quem tem estudo é
vista com outros olhos. É nesse pressuposto que ele quer continuar os estudos e
formar-se a nível do ensino superior onde tem mais chances de sucesso
profissional.
2ª Entrevista
Jailson Delgado, 33 anos,
polícia Fiscal. Considera-se um aluno sempre bem comportado que estudou até o 9º
ano de escolaridade, onde abandonou na experimentar um teste, ainda jovem, para
a formação de polícia fiscal e conseguiu. Por isso deixou os estudos e foi
trabalhar porque na altura pensou que o seu trabalho lhe daria mais rendimento.
Trabalhando noutra ilha teve a necessidade de voltar a estudar a pedido dos
companheiros muito mais velhos que na altura iniciavam a sua vida em EJA. Com o
retorno à ilha de Santiago voltou a parar de estudar. Considera que as
condições financeiras, no momento não lhe favorecem o 2º retorno definitivo. Porém
pretende se esforçar para estudar mais e ter uma escolaridade a nível superior
para poder subir na carreira com um certificado universitário. Tudo aponta para
o regresso ainda este ano letivo, assim que houver condições favoráveis.
Tendo em conta os relatos
dos nossos entrevistados podemos aferir que os mesmos se referem a escola cono
algo muito importante e a nível social muitos vêem a educação primordial nos
dias de hoje porque ele é vista como necessária para o sucesso, o reconhecimento
e o mérito educativo.
São unânimes em afirmar que
o regresso é importante para o sucesso que querem para o seu futuro
profissional e pessoal.
E tudo isso leva-nos a
repensar sobre as nossas práticas de sala de aula, porque eles não devem ser
vistos como objetos do nosso estudo, mas sim sujeitos com o seu bacbground, com
experiências válidas, uma base que nós podemos aproveitar para os nossos planejamentos
e projetos educativos.
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